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O perfil dos refugiados no Brasil
Segundo um estudo de 2019 da Agência da ONU para Refugiados a maior parte dos refugiados no Brasil possui um nível de escolaridade mais alto que a média da população brasileira.
Características dos refugiados no Brasil
A pesquisa realizada pela Agência da ONU para Refugiados de 2019 demonstra que o perfil dos refugiados no Brasil é de jovens, entre 18 a 49 anos, e em grande parte homens. Atualmente o Brasil tem registro de 105 nacionalidades de refugiados residindo no país, sendo que a maioria provém da Síria.
O Brasil possui uma vasta extensão geográfica e é composto por 26 estados. Entretanto, a grande parte dos refugiados está distribuída em oito estados que são: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Santa Catarina, Minas Gerais e Amazonas. Muitos entram pelo Estado de Roraima e deslocam para outras localidades em busca de oportunidades.
Escolaridade dos refugiados
Um ponto interessante e que muitos não sabem é que os refugiados demonstram uma escolaridade acima da média dos brasileiros. Em alguns casos, até muito mais acima, se considerarmos apenas a população negra e parda.
Entretanto, os refugiados diplomados, tem enfrentado um problema quando chegam ao Brasil: não consegue validar os seus diplomas universitários. Isso tem prejudicado aqueles que querem ingressar no mercado de trabalho em suas antigas profissões. Assim, acabam optando por outras atividades ou empreendendo no país.
Outra questão importante é a barreira do idioma. Apesar de haver imigrantes Angolanos – os quais possuem o português como idioma oficial – muitos são de outros países onde se falam idiomas totalmente distintos. De qualquer forma, muitos refugiados já vêm para o país com um pouco de domínio do português, porém não o suficiente para conseguirem um bom posicionamento no mercado de trabalho brasileiro.
Moradia e gastos domésticos
As condições de moradia dos refugiados refletem a situação socioeconômica que eles vivenciam. Devido a problemas econômicos, acabam optando por residir em domicílios coletivos ou outro tipo de residência compartilhada. Em outras palavras, os refugiados alugam quartos em hotéis, pensões ou residências coletivas, em áreas precárias dos centros urbanos das cidades que residem.
Essa informação reflete a qualidade de vida dos mesmos no centro urbano. Já que a maioria da amostra na pesquisa, afirmou que possui uma renda domiciliar mensal inferior a R$ 3.000,00. Assim, é insuficiente para cobrir as despesas recorrentes dependendo de onde estão vivendo – principalmente, onde cidades com o custo de vida maior. A solução que encontram é trabalhar mais horas ou reduzir os gastos com alimentação.
Inserção no mercado de trabalho
Essa mesma pesquisa aborda a inserção dos refugiados no mercado de trabalho e demonstra que mais da metade está empregado. Contudo, ainda há uma porcentagem de 25% de desempregados e que estão atrás de novas oportunidades.
É uma porcentagem um tanto quanto alarmante, quando se pensa nas condições dessas pessoas quando chegam ao país. Normalmente, quando os refugiados fogem de seus países, eles deixam tudo em suas antigas residências. É uma população vulnerável e que sai de seus países em condições de grande fragilidade. Estar desempregado em um país novo, sem conhecer ninguém e sem renda, é um problema para a inserção dos mesmos na sociedade. Por isso, há diversos grupos e organizações que visam am parar os refugiados e ajuda-los com cursos e qualificações.
Outro ponto interessante, é que dos refugiados empregados, poucos estão trabalhando em empresas brasileiras. Por não conseguirem encontrar emprego com facilidade no país, acabam empreendendo. De fato, empreender não é algo que muitos querem ou buscam, mas uma realidade e necessidade para conseguir renda e sobreviver no Brasil.
E, como já dito, a maior dificuldade na inserção do mercado de trabalho em suas profissões é a validação do diploma universitário. Pouquíssimos conseguem revalidar e continuar sua carreira. Entretanto, também há outros obstáculos como: barreira do idioma, ser estrangeiro, falta de recursos para buscar trabalho, falta de documentação e preconceito racial.
Integração Social
A principal dificuldade que os refugiados encontram na integração social é a discriminação no país. Os estrangeiros, principalmente negros, sofrem preconceito por cidadãos brasileiros. Essa ainda é uma realidade dentro de país, mesmo possuindo uma população muito diversificada culturalmente.
Mesmo com essas discriminações pontuais, muitos refugiados conseguem formar laços de amizade no país e, em alguns casos, amorosos. Como muitos chegam sem família no Brasil, essa é uma questão muito importante de adaptabilidade em um novo local. O meio social ajuda a superar as barreiras emocionais e se fixar mais facilmente.
Ainda, de acordo com a pesquisa, muitos refugiados não cogitaram o Brasil como primeira escolha. Contudo, após conhecerem o país e a realidade, fariam a solicitação de refúgio da mesma maneira. Os refugiados gostam de viver no Brasil e possuem confiança em suas perspectivas futuras de vida. Isso se demonstra através da vontade de trazer os seus familiares também para o país, através dos processos de reagrupamento familiar.
Por fim, mesmo com todas as dificuldades de inserção no mercado de trabalho, revalidação de diploma, barreira de idiomas, os refugiados acreditam em sua capacidade de adaptação e ascensão social no Brasil. Não é a opção mais fácil para eles e ainda tem muito que se melhorar nas políticas públicas e atendimento aos mesmos, porém é uma opção viável e definitiva.
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Fernanda Gomes
Graduada em Relações Internacionais (ESPM) com MBA em Marketing Estratégico (Unisinos). Possui larga experiência em gerenciamento de contratos internacionais com governo brasileiro e empresas privadas.
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